Eu não sei se as pessoas veem o que eu vejo. Profundidade, textura, traço. Eu nem tenho certeza do que estou fazendo me atrevendo tanto.
Sem evocar, veio. De súbito. Talvez fosse um prenúncio do que os 31 me trariam.
No mesmo momento que sobrevivi a um naufrágio, ressurgi daquele afogamento com lápis, caneta nanquim e papel na mão.
Isso me toca e me fala sobre sobreviver a esse mundo. Aquela frase super clichê barra atual do Ferreira Goulart que diz que "a arte existe porque a vida não basta", é tããão verdade que doi.
Viver doi, os tempos estão perigosos, os planetas retrógrados, é 2018 e existe racismo, e tem Bolsonaro. Não dá pra sobreviver com pouco. Tem que ter muito. Muito.
Tem que ter afeto, troca, gentileza, carinho. Tem que ter gente te dizendo "teus desenhos estão lindos, publica!" Pessoas acreditando em pessoas, empoderando, encorajando. Se não.... se não a gente não sobrevive.
Uns não aguentam, vão. Mas outros ficam.
E a gente fica. A gente fica com essa dor, com esse vazio, é fluoxetina, é cerveja. E ainda doi.
É notificação, é boleto, é despertador, é rotina. Te cansa, te come, te consome, te mata. E ainda doi.
Uns não aguentam, vão. Mas outros ficam.
E a gente fica. Com o mesmo vazio e a mesma dor. Mas a gente escreve, fotografa, desenha, pinta, costura, grafita, canta, toca, dança, atua, chora.
E sobrevive. Porque a arte existe. Porque a vida não basta.
Hoje eu consigo sobreviver mais do que eu conseguia há 1 ano.
E agradeço.
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