segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O jeito

Existem tantas formas de falar as coisas.. Mas sempre falta jeito. O jeito com que se diz é tão importante quanto as palavras que se usa para colocar pra fora o que se quer. Pior do que não ter jeito é não saber pensar, não saber colocar as coisas no lugar. Afinal, tudo tem o seu lugar, e tudo deve permanecer no seu lugar. Rá! Eu dando uma de conservadora. Sim, em alguns casos isso é preciso e necessário.
Eu não sei pensar. Acabo de chegar a essa conclusão. Não sei colocar as coisas em seus lugares, não sei medir grandezas, importâncias, me apego a conceitos e acontecimentos parecidos com os dos outros para tomar as minhas decisões. Eu não penso no que eu vou sentir fazendo isso ou aquilo. Eu penso no que "o mundo" vai pensar e achar. E pior do que tudo isso junto elevado ao cubo, é sentir medo. Sim, eu tenho medo. De me arrepender logo ao virar as costas ao tomar alguma decisão, medo de ser questionada depois, até por mim mesma, com aquele ar de "rá! olha a cagada que tu acabou de fazer!".
Mas quem dita o certo? Quem conhece a decisão certa pras coisas? Meu ultimo post responde essa pergunta. Mas mesmo as perguntas que têm respostas, não são fáceis de encarar. As coisas acontecem só uma vez na vida, sem ensaio e sem repetição, como disse Milan Kundera
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domingo, 16 de setembro de 2007

Página 14

Na página 14 do livro A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera eu encontro o seguinte parágrafo:

"Não existe meio de verificar qual e a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo e vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida a é própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro. "

Até hoje eu abro esse livro só para ler esse parágrafo.
Não consigo ler o resto.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

No ar..

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Acessem e apreciem sem a mínima moderação!!!!

domingo, 2 de setembro de 2007

As maçãs de Clarice

Era uma casa diferente. As maçãs em cima da mesa davam um ar de alegria. Ela sempre gostou de maçãs, e sempre as achou com um ar puritano e bonito. Aquela cor vermelha, meio esverdeada a fazia bem. Nunca faltavam maçãs em sua mesma da cozinha.
Rodrigo, seu amigo, começou a gostar de maçãs depois que começou a freqüentar a casa de Clarice. Ele era arrebatado por aquela beleza singular que só as maçãs da casa de Clarice passavam a ele. Ela demorou para convencê-lo de que aquelas frutas tão comuns faziam alguma diferença em sua vida. Ela sempre fazia analogias com as tais frutas, dizia que eram como um dia de inverno com céu azul e sol brilhando: por ser comum faziam diferença. Essa analogia para Rodrigo não tinha muito significado até o dia em que ele chegou lá e a mesa estava vazia.
A mesa vazia e Clarice com um jeito estranho. O dia para ela não tinha sido bom e isso refletiu nas suas compras semanais. Faltavam maçãs.
Quando Rodrigo conheceu Clarice, numa festa de formatura, ele a achou diferente. Realmente, seu peso e altura não coincidiam com os "padrões estabelecidos", mas não era isso que Rodrigo tinha reparado nela.
Rodrigo sempre teve um percepção muito boa para pessoas boas. Talvez sua faculdade de psicilogia o ajudava nesse aspecto. Sem vergonha nehuma ele chegou em Clarice. Assim mesmo, chegando... De primeira ela o achou ridículo, talvez por estar alterado alcoolicamente, mas sabe como é... papo vai, papo vem.. Se beijaram, se tocaram, trocaram telefone e tchau.
Passados 3 meses eles ainda se falavam e tinham uma relação de amizade que invejava as pessoas sem amigos.
Rodrigo a perguntou onde estavam as maçãs. Ela o olhou de um jeito que o desarmou completamente e disse que não gostava mais de maçãs. Clarice foi ao quarto e voltou com um papel na mão. Rodrigo não acreditou quando leu aquelas letras. Nesse momento ele tinha entendido o fato das maçãs estarem longe dalí.
No papel dizia: Clarice: eu tentei fazer com que as coisas caminhassem de outro jeito. Tentei e desisti. Pego o avião pra Lisboa as 21hs de hoje. Um beijo.
O relógio marcava nesse momento 20h47min.
Clarice nunca tinha entendido porque as pessoas desistiam tão rápido e facilmente das coisas difíceis da vida. Ela que sempre correu atrás das coisas que quis, agora tinha perdido uma das coisas que ela mais tinha prazer na vida, o amor de Suzana.