domingo, 2 de setembro de 2007

As maçãs de Clarice

Era uma casa diferente. As maçãs em cima da mesa davam um ar de alegria. Ela sempre gostou de maçãs, e sempre as achou com um ar puritano e bonito. Aquela cor vermelha, meio esverdeada a fazia bem. Nunca faltavam maçãs em sua mesma da cozinha.
Rodrigo, seu amigo, começou a gostar de maçãs depois que começou a freqüentar a casa de Clarice. Ele era arrebatado por aquela beleza singular que só as maçãs da casa de Clarice passavam a ele. Ela demorou para convencê-lo de que aquelas frutas tão comuns faziam alguma diferença em sua vida. Ela sempre fazia analogias com as tais frutas, dizia que eram como um dia de inverno com céu azul e sol brilhando: por ser comum faziam diferença. Essa analogia para Rodrigo não tinha muito significado até o dia em que ele chegou lá e a mesa estava vazia.
A mesa vazia e Clarice com um jeito estranho. O dia para ela não tinha sido bom e isso refletiu nas suas compras semanais. Faltavam maçãs.
Quando Rodrigo conheceu Clarice, numa festa de formatura, ele a achou diferente. Realmente, seu peso e altura não coincidiam com os "padrões estabelecidos", mas não era isso que Rodrigo tinha reparado nela.
Rodrigo sempre teve um percepção muito boa para pessoas boas. Talvez sua faculdade de psicilogia o ajudava nesse aspecto. Sem vergonha nehuma ele chegou em Clarice. Assim mesmo, chegando... De primeira ela o achou ridículo, talvez por estar alterado alcoolicamente, mas sabe como é... papo vai, papo vem.. Se beijaram, se tocaram, trocaram telefone e tchau.
Passados 3 meses eles ainda se falavam e tinham uma relação de amizade que invejava as pessoas sem amigos.
Rodrigo a perguntou onde estavam as maçãs. Ela o olhou de um jeito que o desarmou completamente e disse que não gostava mais de maçãs. Clarice foi ao quarto e voltou com um papel na mão. Rodrigo não acreditou quando leu aquelas letras. Nesse momento ele tinha entendido o fato das maçãs estarem longe dalí.
No papel dizia: Clarice: eu tentei fazer com que as coisas caminhassem de outro jeito. Tentei e desisti. Pego o avião pra Lisboa as 21hs de hoje. Um beijo.
O relógio marcava nesse momento 20h47min.
Clarice nunca tinha entendido porque as pessoas desistiam tão rápido e facilmente das coisas difíceis da vida. Ela que sempre correu atrás das coisas que quis, agora tinha perdido uma das coisas que ela mais tinha prazer na vida, o amor de Suzana.

2 comentários:

Anônimo disse...

bela construção, idéias certas e necessarias para ameniza as desgraças da vida

Diana Pinto disse...

é, eu também não entendo porque algumas pessoas desistem tão facilmente de algumas coisas, sabe-se lá, talvéz o medo de enfrentar os obstáculos, ou o medo de viver algo novo os impeça, mas mal sabem eles, que isto é necessário para a personalidade se formar, e aprendermos mais e mais nas nossas vidinhas...

Beijos xuxu. love you!