sábado, 26 de janeiro de 2008

O livro do Vogel

A lembrança mais recente que Clarice tinha era ele na parada esperando o ônibus. Trajava uma camisa pólo azul, calças curtas e um sapato estranho. Nada que chamasse a atenção dela, a não ser pelo livro do Vogel que carregava junto a uma pasta preta. Era até desesperador pra ela ter que aceitar que o olhava, com os olhos apertados pelo sol. Mas desde sua última consulta, Clarice tinha prometido para si mesma que iria deixar as tolices de lado e iria ser menos seletiva com as pessoas.
Clarice tinha sido "obrigada" a tomar tal atidude, pois desde a montanha russa estava sentindo-se o centro das atenções de todo o Mundo.
Então ela ficou olhando pra ele e, pela primeira vez desde a sua última consulta, fixou o olhar em um ser estranho por mais de 5 segundos. E gostou.
Ele trabalhava no postinho que ficava ao lado da sua academia de yoga, e passava ali na frente todos os dias as 8hs. Ela o via pouco, pois nem à academia ela ia mais. Mas, por motivo que não se sabe, ela voltou às aulas de yoga e ia bem cedinho.
Começou a gostar de camisas pólo e de pegar ônibus. Aliviada chegava em casa, acendia seu cigarro e lia a Vogue, já que não tinha o livro do Vogel.
Mas as coisas não se resumiam em calças curtas, nem em pastas pretas. Clarice sentia algumas coisas que nem ela sabia explicar. Poderia ser a crise dos 25, assim como poderia ser a falta de amor, e ela não parecia encontrá-lo. Nem dentro de pasta alguma, nem por baixo de alguma camisa pólo que viu por aí e não se lembra onde.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Enquete

Povo, é o seguinte:
O tema da Revista7 do mês de fevereiro é sexo e nós da revista estamos fazendo uma pesquisa de opinião pública. E nós queremos saber o seguinte: "o quanto, em porcentagem, o sexo é importante num relacionamento".
Já ouvi desde 50% até 90% então quero saber mais e expliquem, se possível, o motivo desde número.
Beijos a todos!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mais do Mesmo e outra.

Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim.
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E agora você quer que eu fique assim igual a você, é mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?
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Quem vai tomar conta dos doentes?
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E quando tem chacina de adolescentes
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Como é que você se sente?
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Bondade sua me explicar com tanta determinação
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Exatamente o que eu sinto, como penso e como sou
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Eu realmente não sabia que eu pensava assim.

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Morrer nesta vida não é difícil, o difícil é a vida e seu ofício.
E os demais todo mundo sabe.
O coração tem moradia certa bem aqui no meio do peito,
Mas é que comigo a anatomia ficou louca
E sou todo, todo, todo, mas todo...
Coração .

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

1/2 de gente

Ela estava sentada no banco de trás do carro e aquela velha música começou. Ela lembrava saudade, ela trazia saudade. E aliás não só ela, Clarice também carregava a saudade consigo desde os tempos de escola, e olha que desde lá já passaram muitos anos. Alguém pensava que ela ainda era uma pessoa pela metade, porque esse mesmo alguém um dia lhe disse que para ser uma pessoa inteira temos que passar por três decepções, um amor e uma viagem inesqueível. As decepções de Clarice eram até perceptíveis e verdadeiras, as viagens também contavam bastante, principalmente suas viagens astrais. Mas o amor que ela tinha ainda era pequeno demais para ser chamado assim. Portanto ela ainda não era uma pessoa inteira, mas era uma metade completa.
Então Clarice resolveu ir atrás do que faltava para ser gente de verdade. Sim, ela realmente não era gente grande, pois achava que precisa provar para o alguém que era inteira. E nós sabemos muito bem que um sinal de que crescemos é saber que não precisamos de julgamentos e aprovações.
A música que tocava no rádio dizia assim "e é só você que tem a cura pro meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto". O você da música que Clarice escutava era o tal do amor pequeno que ela possuía, ou achava que possuía. Mas ao olhar de outros ele era tão vazio que mesmo que Clarice o tivesse, ainda não seria inteira. Todos viam isso, só ela que não. Mas não demorou para perceber, pois logo viria mais uma decepção na vida dela e talvez assim ela deixasse de ser 1/2 de gente.